Hoje à noite o destino pregou-me uma partida enorme. Estou com um dilema tão estranho e forte dentro de mim, a sofrer e a amar, como isto é possível? É isso que torna o destino tão imprevisível e incompreensível.
Como te tinha dito, tive de acabar o relatório para o
trabalho da apresentação de hoje, e como tal, tive de reunir com o meu colega
para terminá-lo e enviar por email.
Saí de casa e o meu relógio marcava as 21:30h da noite, exactamente
depois de te ter escrito o texto anterior a este.
Dirigi-me para a universidade. No entanto o meu colega pediu-me
um favor, tinha de ir ao supermercado buscar algo para o almoço de amanhã, algo
que a namorada dele lhe tinha pedido, mas que se esqueceu de comprar. Os homens
são assim.
Como estava quase acabado o trabalho, decidimos ir ao centro
comercial e por lá ficar a trabalhar nas mesas da restauração, algo que fazemos
com alguma frequência quando temos trabalhos para fazer, para não ir para o
ambiente frio e monótono das salas da universidade à noite.
Assim foi, e fomos. Entrei no parque de estacionamento. Ia a pensar
em ti como de costume, mas ao mesmo tempo no trabalho que tinha ainda de fazer,
como iria acabar o relatório. Até ali iria ser um dia de trabalho como os outros.
Ao mesmo tempo também ia a tentar ver se arranjava lugar
para estacionar o carro dentro do centro comercial. E o destino começou a
pregar as suas partidas.
Haviam poucos lugares, estava uma grande confusão, de
repente um carro saiu do seu lugar de estacionamento logo à minha frente, e antes que alguém me
roubasse o lugar, estacionei.
Quando sai fora do carro, reparei que o carro que estava do
meu lado direito era um carro parecido ao teu. Disse para mim, o dono deste
carro tem bons gostos!
Não estava era a contar que o carro que estava ali era o
teu. Era impossível de me enganar. O meu coração acelerou ali, em pleno parque
de estacionamento, senti-me como se estivesse na universidade há uma semana atrás
quando vi o teu carro também. Foi uma sensação tão boa! Posso
dizer que já vi mais vezes o teu carro do que a ti este ano, é tão estranho,
mas sinto o mesmo quando o vejo como se tu estivesses ali à minha frente, porque é uma coisa tua que estimas de certeza.
Subimos as escadas rolantes, e fomos ao hipermercado. Nunca
o meu peito esteve tão acelerado do que como ali naquele momento. Para te dizer a
verdade nunca tinha entrado num centro comercial a sentir-me assim, sem ouvir
ninguém, com os ouvidos tapados, como se tivesse no fundo de um túnel, sentindo só o bater do meu coração nos ouvidos. Tentava ver se te via ao longe. Olhava para todos os lados e não te via.
Ainda demoramos algum tempo nas compras, mas não me apercebi, não soube o que o meu colega me disse sobre o trabalho naquele momento e mesmo agora não sei.
No fim fomos em direcção à zona da restauração para acabar o trabalho e tivemos
ali até encerrar.
Senti em mim de tudo um pouco. Amor, ansiedade, tristeza,
senti-me perdido, revoltado comigo mesmo, impotente… Poderias ter vindo fazer compras, passear
com os teus amigos, e acho muito bem, mereces tudo e mais alguma coisa, mereces ser feliz com quem te adora, que devem ser tantas pessoas. Só que
comecei a imaginar-te com alguém que provavelmente terás na tua vida e que te
faz feliz, afinal és a rapariga mais perfeita deste mundo e de certeza já terás
alguém que te dedica todas as palavras, que sonha contigo, que te ama, que é parte de ti.
Via os namorados que passavam ali de mãos dadas e tentava
não te imaginar a passar com essa pessoa. Como a minha imaginação fazia-me sofrer
por dentro. Fazia-me sentir ainda mais pequeno, revoltado por saber que não poderia nem poderei nunca fazer nada se isso acontecesse. Só te teria de respeitar como
sempre te disse e respeito. Uma prova disso foi não ter ido à tua procura, fiquei por ali apenas a sentir tudo isso, promessas são promessas.
Queria tanto que fosse eu quem estivesse contigo naquela noite, ali, mas não era!
Deixei o meu colega em casa, e vim também para casa. Cheguei agora.
Posso dizer que estou de rastos, a minha cabeça está partida de tanto não querer pensar na realidade. Parece que vou morrer por dentro. Vai ser uma noite longa de sofrimento, mas ao mesmo tempo tão feliz por ter visto novamente o teu carro, e sentir que te amo ainda mais!
21 JAN, 2017 0
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